quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Pesquisa do IPEA mostra as diferentes percepções da população sobre a Mobilidade Urbana


O SIPS - Sistema de Indicadores de Percepção Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com o objetivo de colaborar para a maior eficácia e eficiência dos investimentos públicos, divulgou uma pesquisa sobre como a população percebe os serviços de utilidade pública oferecidos nas cinco regiões do país. Desta vez, a equipe do SIPS se debruçou sob o tema da Mobilidade Urbana e mostrou como as pessoas estão se deslocando dentro das cidades. A pesquisa apontou, por exemplo, que 44,3% da população brasileira tem no transporte público, em geral o ônibus, seu principal meio de deslocamento e que isso também indica a necessidade de mais investimentos do poder público em infraestrutura e desenvolvimento do setor. A pesquisa foi publicada no final de janeiro.
“A qualidade do sistema de transporte público também depende da contrapartida governamental que precisa zelar pela mobilidade em sua cidade, estado ou país”, destaca o diretor executivo da Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC-JP), Mário Tourinho. A eficácia do transporte público, as dificuldades encontradas em sua utilização, condições das vias e motivos de sua utilização, são apenas alguns dos itens contidos no estudo. Na região Sudeste, por exemplo, o percentual da população que utiliza o meio público de transporte atinge 50,7%, enquanto no Sul chega-se ao índice de 46,3% da população, na região Norte 40,3%, no Centro-Oeste 39,6% e no Nordeste apenas 37,5%. O estudo também aponta que a proporção de número de carros por habitantes no Brasil, atualmente, é de um automóvel para cada 5,2 habitantes, enquanto há dez anos era de 8,5. “Isso explica parte de razão dos crescentes engarrafamentos nas grandes cidades. O poder público precisa priorizar o transporte de massa em detrimento do transporte individual. Essa é uma tendência mundial”, avalia Mário Tourinho.
Esse dado é de extrema relevância visto que, também de acordo com o estudo, para cada novo ônibus colocado em circulação nos últimos dez anos, apareceram 52 novos automóveis. Na Paraíba, por exemplo, a frota de veículos particulares cresceu 152,7% em 10 anos. Só em João Pessoa, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), existem mais de 234 mil carros circulando e o fenômeno é observado em todas as capitais brasileiras. Não à toa, a pesquisa do IPEA revelou informações preocupantes sobre a quantidade de pessoas afetadas por congestionamentos em cada região do Brasil. No geral, 69% dos cidadãos disseram que enfrentam engarrafamentos, desses, 20,5% enfrenta mais de um congestionamento por dia. No Nordeste, 59,4% da população passa pela situação, que também já tem provocado a reação das autoridades de trânsito.
O diretor de transportes da Superintendência de Transportes e Trânsito de João Pessoa (STTrans), Adalberto Araújo, já afirmou, por exemplo, que a Prefeitura está estudando um modo de colocar em prática um moderno plano de Mobilidade Urbana. Nele, destaca Adalberto, o transporte público será priorizado. “Estamos estudando formas de melhorar ainda mais o deslocamento das pessoas na cidade. O Transporte Público, utilizado por grande parte da população será nossa prioridade”, disse Adalberto, lembrando que além de colocar em circulação novos ônibus articulados (que possuem quase o dobro da capacidade normal de passageiros) e implantar mais faixas exclusivas para ônibus, a prefeitura também está estudando um modo de equipar toda a frota de ônibus de João pessoa com GPS para que os usuários saibam a localização exata da linha que deseja e quanto tempo levará para que ela chegue ao ponto de parada.
E por falar em tempo, a pontualidade na freqüência do transporte público também foi outro item de extrema importância para o usuário destacado no estudo do IPEA. Neste ponto, observando-se o somatório das respostas positivas e moderadas quanto à pontualidade das linhas nos pontos de paradas, as regiões Nordeste e Sudeste lideram o ranking, ficando com índices positivos acima da média nacional, que foi de 70,3% (Nordeste: 76,3; Sudeste: 75,4). Com os piores índices ficaram as regiões Norte, com 56.4% das respostas positivas, e Centro-Oeste, com 55,9%.
Ainda no estudo, as características de um transporte público de qualidade também foram apontadas pela população brasileira. As principais delas foram a rapidez (35%), a disponibilidade de outros meios para se deslocar (13.5%), ser barato (9,9%) e confortável (9,7%). No final da pesquisa, o IPEA identificou que apesar da heterogeneidade física e cultural das regiões pesquisas, todas elas apresentaram resultados comparáveis, com problemas comuns, principalmente no que se refere à infraestrutura das cidades e das vias e que os poderes públicos precisam pensar em planos de mobilidade urbana para dar mais fluidez ao trânsito em suas cidades.
Para Mário Tourinho, as campanhas educativas para a utilização do meio de transporte público também se fazem necessárias. Segundo o dirigente, as pessoas precisam desenvolver a concepção de que não precisam utilizar seu veículo particular todos os dias. “A população deve ter o interesse em usar o transporte público, principalmente para que o trânsito flua com eficiência. Em países mais desenvolvidos, a população já tem essa consciência e utiliza o sistema público de transporte”, disse Mário. Ainda de acordo com o dirigente, é preciso que a população veja o transporte público com mais simpatia. “O ônibus é mais seguro, polui menos, transporta mais pessoas num mesmo espaço físico e funciona, ininterruptamente, nos dias úteis e feriados”, finaliza Mário Tourinho.

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